Sistema urinário

A excreção é responsável pela manutenção do volume e da composição do líquido extracelular do indivíduo dentro de limites compatíveis com a vida.

A excreção nos seres humanos ocorre de duas formas: através do suor e da urina.

A função principal do suor não é a mesma que a da urina. O suor está relacionado à perda de calor pelo corpo, funcionando como uma forma de refrigeração.

A formação do suor é regulada pela temperatura do corpo e não pela composição química do sangue ou dos líquidos que banham as células. Pelo suor é eliminado ácido úrico, uréia, sais minerais, aminoácidos, algumas vitaminas e água.

Já a quantidade e composição da urina eliminada dependem da regulação renal. A composição da urina difere da do líquido extracelular em alguns aspectos: enquanto 95% dos solutos do fluido extracelular são constituídos por íons. A urina tem altas concentrações de moléculas sem carga, particularmente uréia.

A quantidade de solutos e água da urina é bastante variável e depende da alimentação variada. Isto significa que existe uma relação estreita entre a ingestão diária e a excreção urinária.

Um indivíduo normal quando ingere uma quantidade excessiva de sal na alimentação, apresenta na urina mais sódio que o normal. Quando a ingestão de água é grande, o volume urinário é bem maior. Ocorrendo o contrário, quando o indivíduo passa por uma restrição de água.

Cerca de 20% do fluxo plasmático renal são convertidos em urina final por ultrafiltração através dos capilares glomerulares. A urina primária é semelhante ao plasma, exceto por conter pequena quantidade das maiores proteínas plasmáticas.

Neste programa iremos estudar os mecanismos responsáveis pela excreção renal, ou seja, a eliminação dos produtos finais do metabolismo celular através da urina final.

Funções da Excreção Renal

Regulação do volume de água do organismo: por dia, são filtrados 180 litros de plasma dos cerca de 1600 litros de sangue que entram nos rins. Porém, são eliminados pelos rins apenas 1 a 2 litros de urina, devido à grande reabsorção de água que ocorre ao longo dos túbulos renais. Tal mecanismo tem um importante papel na manutenção do volume do líquido extracelular.

Controle do balanço de eletrólitos: é feito através de diferentes mecanismos de transporte tubular de íons, como sódio, hidrogênio, potássio, cloreto, bicarbonato, cálcio, fósforo, magnésio, etc.

Regulação do equilíbrio ácido-base: O rim tem importante papel na manutenção do pH. Os rins facilitam a excreção de produtos ácidos (produtos do catabolismo, ácido lático, por exemplo) e na conservação de produtos básicos, o que é feito através da secreção tubular de hidrogênio e amônia e da reabsorção de bicarbonato, regulando a sua concentração plasmática.

Conservação de nutrientes: o rim ajuda na conservação da glicose, aminoácidos e proteínas no organismo. Estas substâncias após serem filtradas nos glomérulos são reabsorvidas pelos túbulos renais, voltando ao sangue.

Excreção de resíduos metabólicos: feita, principalmente, através da excreção renal de uréia, ácido úrico, creatinina, etc.

Participação na produção dos glóbulos vermelhos: os rins produzem a eritropoetina, hormônio que age diretamente nos precursores dos glóbulos vermelhos da medula óssea.

Participação na regulação do cálcio e fósforo no metabolismo ósseo: o rim converte a 25- hidroxicolicalciferol circulante em 1,25- diidroxicolicalciferol (1,25 DOHCC), um esteróide que é a forma mais ativa de vitamina D, responsável pela absorção óssea e gastrointestinal de cálcio.

Estrutura do Sistema Urinário e a Micção

O sistema excretor é composto de rins, ureteres, que ligam os rins à bexiga, e uretra, que liga a bexiga à parte externa do corpo.

Resumidamente, a micção ocorre devido à contração do esfíncter interno, músculo liso na junção da uretra com a bexiga, acompanhado pela abertura do esfíncter externo (músculo esquelético, localizado na base da bexiga).

Receptores de estiramento estão presentes na bexiga e também no músculo do esfíncter interno. O enchimento da bexiga é detectado pelos receptores de estiramento da bexiga. A excitação desses receptores desencadeia contração reflexa do músculo liso, e cada contração ocasiona outra contração porque os receptores de estiramento são intensamente excitados cada vez que a bexiga contrai, mas não esvazia.

Quanto maior for o volume de urina na bexiga, mas fortes serão suas contrações. O reflexo é modulado por vias que vêm do encéfalo e permitem o controle voluntário.

Estímulos assustadores, por exemplo, interrompem a manutenção do controle do esfíncter externo pelo encéfalo e ativam igualmente a contração da bexiga, podendo haver, então, micção involuntária.

Os Rins

Cada rim humano tem cerca de 200 a 300g possui uma borda convexa e outra côncava, é nesta que se encontra o hilo, região que contêm os vasos sangüíneos, nervos e cálices renais.

O rim é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo denso frouxamento ligada ao parênquima renal, a cápsula renal.

Os rins são divididos em duas zonas:

Zona cortical

A mais externa, onde ocorrem as etapas iniciais de formação e modificação da urina;

Zona medular

A mais interna. É nesta zona que se encontra de 10 a 18 estruturas cônicas denominadas pirâmides de Malpighi.

A zona cortical é contínua e ocupa o espaço compreendido entre as bases das pirâmides e a cápsula renal. Além de vasos sangüíneos, contém glomérulos, túbulos proximais e distais de todos os néfrons e túbulos intermediários e coletores dos néfrons mais superficiais.

De um modo geral, a região medular possui, além dos vasos sangüíneos, as seguintes porções dos néfrons mais profundos: segmentos retos proximais, túbulos intermediários, túbulos distais retos e túbulos coletores.

Os rins desempenham duas funções importantes: a excreção dos produtos finais do metabolismo, e o controle das concentrações da maioria dos constituintes da parte líquida do organismo.

Néfrons

Cada rim humano contém cerca de 1,5 milhões de néfrons.

Os néfrons são classificados quanto sua localização em: corticais (situados na porção externa da zona cortical); medicorticais (situados na parte interna da zona cortical) e justamedulares (situados na zona de transição entre as zonas corticais e medular). Cada néfron é formado pelo corpúsculo renal e uma estrutura tubular. O corpúsculo renal compreende o glomérulo e sua cápsula chamada cápsula de Bowman, uma porção oca do néfron que circunda o glomérulo .

Todos os corpúsculos renais estão na zona cortical do rim. É no glomérulo que ocorre a filtração do plasma.

A estrutura tubular é formada, seqüencialmente, pelo: túbulo proximal, túbulo intermediário(ou alça de Henle), túbulo distal e ducto coletor.

O túbulo proximal é formado por um segmento curvo e outro reto.

O túbulo intermediário começa no fim da parte reta do túbulo proximal e possui uma alça fina descendente e outra alça fina ascendente (anteriormente denominadas de alça de Henle).

Depois da alça fina ascendente aparece a parte grossa da alça ascendente que atualmente é chamada túbulo distal reto.

No final da alça ascendente grossa (túbulo distal reto), já na região cortical, inicia-se o túbulo distal convoluto, cujas paredes ficam em contato com o glomérulo do qual se originou e com as respectivas arteríolas aferentes e eferentes.

A região de contato destas estruturas forma o aparelho justaglomerular, que é o principal local de controle do ritmo da filtração glomerular e do fluxo sangüíneo renal. No aparelho justaglomerular existem células especializadas que secretam a enzima renina, envolvida no controle da pressão arterial sangüínea.

Após o aparelho justaglomerular, existem os seguimentos corticais: continuação do túbulo distal convoluto, segmento de conexão (considerado por alguns como parte inicial do ducto coletor) e ducto coletor cortical.

Os segmentos de conexão de muitos néfrons drenam para um único ducto coletor cortical. Desse local o fluido caminha seqüencialmente para os ductos coletores medulares, cálices, pélvis renal, ureteres e bexiga.

Filtração

A formação da urina inicia-se no glomérulo, onde cerca de 20% do plasma que entra no rim através da artéria renal são filtrados. Após sua formação, o filtrado glomerular caminha pelos túbulos renais e sua composição e volume vão sendo modificados através da reabsorção e secreção tubular existente ao longo do néfron.

Reabsorção tubular renal é o processo de transporte de uma substância do interior do túbulo para o sangue que envolve o túbulo. Graças à reabsorção tubular, muitas substâncias depois de filtradas voltam ao sangue que percorre os capilares peritubulares entrando de novo na circulação sistêmica pela veia renal que sai do órgão.

Já o mecanismo inverso é denominado secreção tubular, os solutos que passaram pelos glomérulos e não foram filtrados vão atravessar uma segunda rede capilar, peritubular, formada a partir das arteríolas eferentes, e/ou serão transportadas do interior celular para a luz tubular.

Durante o processo de filtração glomerular, o plasma atravessa três camadas: endotélio capilar, membrana basal e parede interna da cápsula de Bowman.

Solutos com tamanhos 14µm passam livremente através da membrana filtrante, acima desse valor, para as moléculas atravessar essa barreira vai depender de sua forma, tamanho e carga iônica.

Tanto os capilares renais como os extra-renais permitem a passagem de molécula pequenas como as da água (2 de diâmetro), uréia (3,2 , sódio (4 ), cloreto (3,5 ) e glicose (7 ). Porém, não permitem a passagem de partículas grandes como os eritrócitos (80000 ) e/ou a maioria das proteínas plasmáticas.

As macromoléculas que atravessam a parede capilar e não conseguem atravessar a membrana basal são fagocitadas por macrófagos circulantes.

O fluido que atravessa a membrana glomerular e entra no espaço de Bowman é um filtrado do plasma e contém todas as substâncias que existem no plasma exceto a maioria das proteínas e substâncias que se encontra ligado a proteínas, como no caso do cálcio circulante (cerca de 40%).

Quando o sangue entra nos rins, através das artérias renais, ele é filtrado pelos néfrons. Boa parte do líquido, após passar pela cápsula de Bowman e de desembocar nos túbulos renais, é reabsorvida para corrente sangüínea. O fluido filtrado retorna pelas veias renais e a urina formada flui para os ductos coletores das pirâmides renais. Daí a urina flui para os cálices renais, para a pélvis renal e, finalmente, por meio dos ureteres, chega à bexiga onde fica armazenada até ser excretada pela uretra.

Fonte: www.biomania.com.br